quinta-feira, 16 de julho de 2009

pós

ficam aqui os registros mentais de vivências insubstituíveis. lembro a cada piscar de olhos da textura, da distância entre os ombros magros, delicados e desenhados e também de tudo que havia entre eles, do sorriso escondido, das bochechas levemente enfunadas e que em incontáveis momentos, apresentavam-se em coloração sutilmente rosada, o que seduzia cada centímetro do meu ser. isso sem citar ainda os olhos de contornos sempre coloridos de negro e a sua esfera obscura, intensa, profunda que me fitava como se eu fosse o maior dos mistérios, mesmo quando não questionava ou afirmava qualquer uma das diversas afirmações, inclusive as implicantes que volitavam ao nosso redor num infinito demasiado humano de sentimentos especiais. mas de todas essas, a que eu mais almejo lembrar durante todos os dias que eu precisar estar longe é o cheiro da respiração. ah, o cheiro! a essência única que eu encontrei aqui. sou capaz de perder-me no tempo, ou doravante, no espaço alheio a acontecimentos se tiver por perto tal essência. se eu quisesse dar continuidade a esse texto, poderia falar ainda milhares de linhas doces e expressivas que poderiam fazer sentido apenas para mim, mas obviamente, nem tudo é um grande sorriso, pois dizer "adeus" ou "até breve" mesmo que esse breve dure tempo suficiente pra me fazer sufocar (já faz!), é tarefa árdua, é para corajosos e muito determinados. e me atirar então à maré de lágrimas sem me importar com o que me cercava, deixar desabar a geleira que eu lutara para manter de pé durante tanto tempo significa que eu posso ter encontrado quem tanta gente procura por toda a vida. sou sortudo ou merecedor? tanto faz, não faz? e como eu queria que a justiça do amor deixasse-me não precisar distanciar mais que alguns meros quilometros vencidos pelos pés, daquele cheiro singular. tornou-se certeza pra mim, enquanto eu finalmente e automaticamente esqueci-me das dúvidas. essas, aquém aos dias de hoje, ficam para trás, nas profundezas da escuridão de minh'alma. tenho um vulcão em plenitude, em superabundância inesperada. faz-me sorrir, uai!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

quem vê semelhanças com a alegria é porque sabe que o nome disso é sorriso. é de se admirar quem já sorriu assim, uma vez só. já basta. venho sorrindo todos meus últimos bons dias. percalços, no encalço de nada mais poder querer. é orgulho de orgulhar-me de tamanhas contundências decorridas e transeuntes de um passado que desaparece, cessa, abafa-se. "eis que te torna um rei" - diria Salomão, "eis teu rei se ajoelhando diante de ti, Alegria!" - digo eu. alheio a tantas ferocidades e à arrogância de mal-amados, me encontro completo, me satisfaço na felicidade de outrem. é tão raro, assim, perder-me num labirinto de pensamentos sem que eu me veja preocupado com o resultado. percebo que ao fim de tudo, qualquer caminho me leva a um único lugar.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

pré

há tanto tempo ele vinha procurando meios de satisfazer-se, encontrar-se ou até mesmo colidir-se entre inúmeras estrelas sem cauda. como em uma viagem sem tempo e nem destino, daquelas que só importa o resultado final que nunca sequer podemos imaginar qual é. é esquecer, é lembrar. é sentir um frio incompreensível na espinha dorsal que se espalha de forma epidêmica, monstruosa, quase viral por todo o corpo, fazendo com que ajamos de forma totalmente atrapalhada, as mãos ficam úmidas e em uma temperatura quase abaixo de zero. as pernas balançam como as de um equilibrista na corda bamba. e quer saber, caro leitor sentimental, ele ama tanto essa sensação. se atira, pula direto à proa. de cabeça e sem capacete. e torce que ela esteja pensando nele nesse exato momento, porque acima de sua cabeça, ele só é capaz de ouvir as estrelas cantando o nome de sua pequena de tão longe em uníssono e promete à elas que jamais será o mesmo. naturalmente. essencialmente. inocuamente. bem-lhe-quer, bem-lhe-quer...