terça-feira, 31 de março de 2009

me descobri

sou primavera sem cores vibrantes e flores floridas. sou inverno sem a neve e o branco imensurável da imensidão horizontal. sou metade incompleta daquilo que muito insisto e que também tanto insiste em encontrar. não é? uma suave colisão entre duas partes facilmente encaixáveis. doce poder seria o de visualizar a olho nú o que o coração enxerga com demasiada clareza. é uma certeza! és uma, fato. outra então, é de que quase todas as palavras bonitas nesse mundo já foram dirigidas aos teus tímpanos que antes, foram virgens de amor. e aquelas então que ainda não foram ditas, ou que sequer tenho conhecimento, são ínfimas. empáfia minha, petite amie.

terça-feira, 24 de março de 2009

imprevisível

não seriam as tuas linhas evidentes a quaisquer olhos e impressões, mas sim as partes boas e ruins de um "eu" pouco visitado, o qual, lendo além das linhas, ouço falar como a voz do coração. ah, estranha esverdeada, perdoe-me, mas faço questão!

segunda-feira, 16 de março de 2009

cheiro da estação

hoje senti o cheiro do inverno. junto dele aquelas nostalgias saborosas que só eu tenho conhecimento. lembro de caminhar pelo centro, pelas ruas, na chuva, no escuro, só. lembro de usar muita roupa e olhar pra um monte de árvores secas, marrons, tristes. lembro de desejar estar em casa, pra tirar toda a roupa, olhar uma série de supérfluos televisivos, comer algo caseiro e me deitar, nú sob um edredon macio e quente. calor. nessa época, desejo sentir o cheiro do verão, mas o que acontece é que ele não me marca como o inverno. no inverno as pessoas ficam mais bonitas, mais cheirosas, mais elegantes, agradáveis. o frio que gela a tantos, me enobrece. me acende. me aquece. me recarrega as baterias para um novo verão precedido por uma florida primavera.

sexta-feira, 13 de março de 2009

movediço

sou feito de harmoniosa inconstância e é dela, espinho meu, que nascem as flores para os olhos teus.

quinta-feira, 12 de março de 2009

rota de colisão

e você vem com aquele jeito de dias incontáveis atrás. com sabor, com um charme noir que eu simplesmente pareço não compreender. e tens o dom, tens simplesmente o dom de me alegrar e destruir em menos de 5 minutos. que dom maquiavélico. penso a noite inteira após o último ponto se realmente mereço isso. ah, que dom sagaz. chego a conclusão de que não há motivo justo pra tua ausência. não há! não sou areia atirada ao vento, sou fruto em rota de colisão com o chão. e ao me esparramar, respingo em ti, exatamente aquela parte da tua ex-moradia, o peito. não sei o que te faz ir e vir, vir e ir, mas teu dom é inegável e que dom mais patife esse! quer saber? sem problemas, coloco mais essas lembranças naquele baú só teu, para que no dia que tu deixar de desviar os olhos dos meus, tudo pareça um mero desencontro como Deméter, que casou e descasou mais de uma vez com seu todo-poderoso, irmão Zeus.

quarta-feira, 11 de março de 2009

ao fim do dia

vou-me embora e junto comigo, minha amada, levo as lembranças que nunca me deu. é, exatamente a essas que me refiro, sabe? não sabe! afinal, também não viu e não teve, pois não permitiu. não sei que mania irritante vocês mulheres e humanas têm em temer o que não conhecem, ou que supostamente acham que conhecem. desconhecem! amam a palavra diferente, mas ou se é demasiadamente diferente do que vocês imaginavam e esperavam, ou se é diferente do sentimento que ambos sentimos um pelo outro de forma antagônica. amizade e desejo. parecem não combinar, mas combinam sim, enquanto esse desejo que sentia por ti fica por trás do pilar maior, do sustento principal, a amizade antecedendo o carinho interpessoal. por que a surpresa? não esperava que eu fosse ficar, esperava? ainda mais sabendo tão claramente que sou mutante, sou mudança do espaço/tempo constante. sou nômade por natureza e só não mudo o coração por não ser fisicamente possível, pois o sentimento vem e vai na velocidade e intensidade de um tufão. vou-me embora e junto comigo, minha amada, levo as mãos amarradas que um dia, acalentaram teu peito contra a solidão.

terça-feira, 10 de março de 2009

labirinto pessoal

quando meu coração é fraco por obstruir e impedir qualquer sentimento afável que corre pelas veias, meu punho cerrado se faz forte na certeza de que sou aquilo que desejo ser. sacrifício da alma que me torna pilar insustentável da solidão, na solidão. anseio pelo que não tenho, pelo que não ganho e pelo que não dou, mas mesmo assim, continuo apático, incapaz de delinear um melhor caminho a seguir.

sábado, 7 de março de 2009

egoísmo da minh'alma

almejo tocar teu braço nú em um anseio insaciável de lucidez. de fotografar com os olhos rígidos e secos uma cena imortalizada em um momento inexistente. um momento e já bastaria. já montaria um álbum todo meu, essencialmente teu. mostraria a obra aos Deuses idílicos, as sereias imaculadas e até as ciganas que duvidaram de mim. seria empáfia pura minha carregar aos olhos deles coisas do modesto e inopioso coração meu. oh doce colisão de almas secas, sedentas por um borbulhar de sorrisos cansados!

quarta-feira, 4 de março de 2009

ampère

malditos pesadelos que adormecem minha alegria. são conversas carregadas de memórias doloridas, não preciso delas, não preciso do tanto que insiste em me perseguir. complicado é - por sinal, fato indubitável - ser feliz todos os dias. me dê uns poucos dias, um final de semana, que recarrego minhas baterias! e são de boa carga, daquelas de amperagem incontável ou inexplicável, nem ligo então. sou mistério alimentado pela minha própria curiosidade. sou só eu e ao mesmo tempo, sou tudo que sou.

terça-feira, 3 de março de 2009

meu nariz redondo e vermelho

Me perguntei se era capaz de levar o sorriso a quem não acredita que ele saiba nascer.
Me perguntei se poderia ensinar que a alegria não está na matéria que não se possui ou indubitávelmente não irá-se ter.
Entendi no fim do dia que eu não sou professor, na mais humilde das intenções, um palhaço bobo e sem amor.
Mas que esse palhaço com doce coração possa levar para suas crianças e velhinhos, um pouco de ilusão momentânea para que esqueçam da dor.
Sou falso por um dia, quem diria?
Se eu convidasse você, você viria?

domingo, 1 de março de 2009

o som do trovão

Não faz sentido conhecer a tempestade se esta não possuir trovão. Deixa-me molhar teu rosto de alegria e ternura enquando meus olhos enamorados completam e afagam os teus olhos avermelhados. Sinta-se à vontade pra desejar que o tempo pare com o intuito de que este, realmente não volte tão cedo a lembrar que precisa trabalhar. Quem foi que ditou que esse tal tempo, dono do passado alheio ao nosso presente, deve ser capaz de medir o andamento das coisas? Deixo esse fardo trabalhoso para a tal intensidade que sabe ignorar tão bem os medos que não devem ou deveriam morar em ti.

desritmado

Com que frequencia o caminho cruza-se ao de certo alguém que usa as mesmas palavras e frases que sempre dirigiu almejando um dia ouvir? Ou então, que fosse capaz de ler da forma mais exata possível. Simples. Só pra ela.
Com que frequencia sorrimos para dentro pra esconder do mundo a felicidade que sente temendo que alguém possa roubar algo que deveria ser apenas seu?
Com que frequencia encontra-se um motivo sem se importar com o tempo? Afinal, tal fator relativo não inibe o resultado de intensidade explícita através dos olhos brilhantes que não consegue-se enxergar.
Com que frequencia tem-se tanta certeza das palavras que se atiram pela boca, que até seria um ultraje duvidar?
Com que frequencia levanta-se após um longo tropeço e em segundos parece esquecê-lo por completo? Assim, como se houvesse transformado-se em uma nuvem de um céu tão distante.
Com que frequencia você encontra a pessoa certa?