sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

ele já fora uma companhia melhor. já deu mais sorrisos, já brincou mais. já gostou de dormir pouco, acordar cedo, ter os olhos ardendos. ele um dia já gastou horas e notas por objetivos hoje tão mais fáceis e simples. ele já fora sim, uma melhor companhia. hoje os olhos ardem e umidecem (não os dele, claro!) por causa do que diz, do que pensa, do que faz. acredito que tenha desenvolvido o dom da discórdia e nem percebeu. hoje ele se pergunta se seria ele. será? se questiona se tudo aquilo que um dia fora bom, hoje ainda vale a pena. ainda vale? de que adianta ter alguém para entristecer?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ela era assim. Ainda deve ser, talvez. Só não a vejo mais. Também já cansei daquela velha história da ausência de letras grandes, mas mesmo assim, não consigo esquecer. Ah Vic, onde estás? Em que extremo do fio da vida você se encontra? Eu que te esperei por tantos anos da minha vida, até que esse encontro irrefutável que te tornou inerente a mim acontecesse. A mim e à minha mãe, com absoluta certeza. Desde quando me acordou, lembra? Desde quando te tirei de uma caixa de sapatos. Chorosa. Sentindo-se só. Mal sabia que a sorte havia invadido a sua vida. Mal sabia você que aquele momento significava tanto para mim. É, Vic. Hoje nos separamos, depois de tantos anos. Era o meu elo de ligação mental direta com aquela que tanto amei também. Talvez hoje estejam juntas, enquanto ela pode te acariciar e te afagar e você à ela proteger, já que, em ambos os casos e atos, já não o posso mais fazer. Se, no entanto, ainda aqui estiver, me procure todos os dias até encontrar. Eu te espero, no corpo que for.

sábado, 24 de abril de 2010

rainbows

De fora, os sons de vidas distantes, de máquinas berrantes e da ausência de cores vibrantes invadem a janela nua do meu quarto onde deitados, aproveitamos o sóbrio prazer noturno da carne. O rádio, em contrapartida, responde à janela veemente e informa aos invasores que aqui é ninho do amor e não do caos. Os pés se tocam, cobertos... ou não. Me saboreio com a textura e então, busco apenas me deliciar com o momento. Ela não. Ela odeia. Evita meus dedos quentes e carinhosos. Só porque são pés. Acontece, caro leitor, que tanto ela quanto você precisam entender que eu estou totalmente imerso em amor. Da unha ao cabelo, da língua ao... extremo pedaço do dedo. E a paz que vem do sonho é fruto do cansaço que no entanto, não me pertence. Os corpos entrelaçados aguardam o instante de separar, de romper uma união quase simétrica, para então voltar a esperar um novo reencontro e repetir sem fim, um mundo só nosso e simples assim.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

folheamos revistas em busca de informações que coexistem em uma página naufragada na inexistência. enquanto isso, pelos seus olhos escuros, pérfidos e enfadonhos, escorriam os escombros líquidos que outrora, foram construções firmes de um coração aquentado e embriagado... de amor. cortes retos e intrínsecos que demarcam um momento de continuação linear rumo a um fim evidente. por que ser diferente? como sê-lo? o amor assiste alguém morrer. sem dó. quem o assistirá morrer se o amor não for capaz de ensinar a amar?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A l'arrêt d'un bus de nuit, Chet baker au volant
Une marche de sommeil et de rêve, titubant
A deux, seuls et silencieux sur le chemin de froid
Au milieu, tu as mon bras gauche, et moi j'ai ton droit.

Par une promenade de Seine où s'attardent sur un banc
Quatres yeux humides et lumineux
Dans un reflet le ciel, le tableau d'un instant
Et d'un coup ils ne sont plus que deux.

A l'arrière d'une voiture, on s'en tient au bonsoir
La maison dehors est grande mais bien moins chaleureuse
On se rapproche, se tortionne, se cogne et ne plus se voir
Que dans les baisers retenus où se heurte la peur honteuse.

A visiter Villennes comme des enfants et ses joues porcelaines
Ses bulles de verres vides cachées sous les paupières où à peine
On devine, un monde enfantin. Et, à jamais en suspens
Les plaisirs modifiés qui viennent en grandissant.

Un matin de réveil, la peau adoucit des caresses de la nuit
Les lames de lumières découpent le volet, et laissent
Entrer les bruits de dehors et l'autre vie de stress
Mais les corps se souviennent d'une veille et de nouveau envient.


por: Étienne di Bortoli

terça-feira, 9 de março de 2010

amar é um dom. falo isso com a certeza da pureza que me permitira ter. outrora pensara que era um confronte sentimental entre o coração e a razão que fazia qualquer ser humano nomear o inominável de amor. eis que sinto então. e percebo, como um pequeno de poucos anos percebe o mundo sob uma perspectiva virgem, que pouco sei. não sei em diversos momentos expor isso. não sei responder a todos os trejeitos que me são direcionados na forma exata a qual podem esperar de mim. não sei ser mais que a doação de todos dias por este amor irracional, que parece causar uma implosão dentro das minhas costelas. no fim de tudo, ao fim de tudo, percebo com a sabedoria de alguém no fim dos seus dias, que só sei amar. sei amar na ausência de uma explicação aureliana ou racional. sei amar e amando sei.