sábado, 21 de janeiro de 2012

teu reflexo

Ela refletiu, como que num espelho d'água criado pelo seu espírito e eu fiquei boquiaberto como constantemente ocorre quando a vejo. Sabe aquelas fotos de cores contrastadas, na beira do mar no por-do-sol que te fazem pensar que você também queria ter um momento desses só seu e daquele alguém. Poisé, ele está lá. Me refiro ao momento. Todos os dias, camuflado pela tua perda do olhar. Tudo é constância e você não foi ensinada a lidar com isso. Nunca precisou. Mas hoje, ah, está tudo tão diferente. Você precisa do velho brilho, daquela sensação gostosa e inexplicável, e entende que isso tudo nunca te abandonou. Os velhos objetos, as mesmas pessoas, por que não as roupas tão usadas, o corte de cabelo comum, os prédios cinzas e os cachorros das ruas? Por que minha cara, isso só parece bonito na vida dos outros? Nas fotos contrastadas dos outros? No meu caso, tenho meu resgate desse umbral humano, o reflexo dela na poça d'água. Eu atiro outra pedra e ela sorri. E o mesmo sorriso de sempre me faz sentir assim por uma vida ou duas.