sábado, 24 de abril de 2010

rainbows

De fora, os sons de vidas distantes, de máquinas berrantes e da ausência de cores vibrantes invadem a janela nua do meu quarto onde deitados, aproveitamos o sóbrio prazer noturno da carne. O rádio, em contrapartida, responde à janela veemente e informa aos invasores que aqui é ninho do amor e não do caos. Os pés se tocam, cobertos... ou não. Me saboreio com a textura e então, busco apenas me deliciar com o momento. Ela não. Ela odeia. Evita meus dedos quentes e carinhosos. Só porque são pés. Acontece, caro leitor, que tanto ela quanto você precisam entender que eu estou totalmente imerso em amor. Da unha ao cabelo, da língua ao... extremo pedaço do dedo. E a paz que vem do sonho é fruto do cansaço que no entanto, não me pertence. Os corpos entrelaçados aguardam o instante de separar, de romper uma união quase simétrica, para então voltar a esperar um novo reencontro e repetir sem fim, um mundo só nosso e simples assim.

1 comentários:

Eugênio Macêdo disse...

muito bom!!!
Digno de um Veríssimo (o Érico).